Período Pré-operatório - Grupo Surgical
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Período Pré-operatório

Período pré-operatório é aquele que decorre desde o diagnóstico cirúrgico da doença em questão até a data da realização do procedimento indicado. Este momento se demonstra tão importante quanto o próprio ato operatório, pois determina um conjunto de procedimentos e ações que visam expandir a margem de segurança da cirurgia à ser realizada avaliando as condições clínicas do paciente e seus riscos. É nesta fase inicial que o paciente e cirurgião devem conversar bastante afim de que o paciente entenda muito bem sua doença e perspectivas futuras após o tratamento cirúrgico de forma que com confiança e afinidade todo tratamento seja bem sucedido. O período pré-operatório consiste enfim, na realização da história clínica detalhada, exame físico, solicitação dos exames complementares necessários e eventuais avaliações de especialistas (Tabela 1).

Tabela 1 - Objetivos da avaliação pré-operatória
Preparo do paciente para o procedimento cirúrgico
Detectar as doenças pré-existentes ou subclínicas
Identificar fatores que possam comprometer a cirurgia
Definir a melhor estratégia técnica para o caso em questão
Minimizar os riscos e valorizar a segurança do paciente durante e após o ato operatório
Tabela 2 - Fatores de risco comuns para procedimentos cirúrgicos em geral
Idade (maior de 70 anos)
Doenças pré-existentes associadas
Baixa reserva funcional
Tempo anestésico (maior de 240 minutos)
Tipo de cirurgia (eletiva ou urgência/emergência)
Extensão da cirurgia
Perda sanguínea (maior que 1500ml)

A história clínica se dá através do detalhamento médico de toda evolução da doença atual, das queixas do paciente, doenças pré-existentes, uso de medicamentos, alergias, cirurgias prévias, uso de álcool, cigarros ou drogas.

O exame físico, além de ser direcionado à patologia de base, deve ser estendido a todos os sistemas, a fim de identificar outras patologias ou co-morbidades ainda não diagnosticadas.

Os exames complementares dependem da cirurgia proposta, história, exame físico e das doenças associadas. São solicitados para auxiliar o diagnóstico da doença de tratamento cirúrgico e avaliar alguma outra doença associada. A princípio, não é necessário solicitar nenhum exame para um paciente saudável e sem uso de medicações abaixo de 40 anos. Os exames de sangue, como hemograma, eletrólitos, função renal e glicemia, devem ser solicitados para pacientes que tenham doenças como hipertensão, diabetes, insuficiência renal ou cardíaca ou fazem uso de medicações. Eletrocardiograma é indicado somente para pacientes acima de 40 anos, ou conforme as indicações clínicas. A radiografia de tórax pode ser solicitada para todos pacientes acima de 50 anos ou conforme indicação clínica.

O jejum pré-operatório depende do tipo de cirurgia e anestesia a serem realizadas. Toda cirurgia geral deve ter ao menos 8 horas de jejum absoluto (incluindo líquidos), a fim de evitar estimulo a secreção gástrica e o risco de broncoaspiração. Para os bloqueios tipo raquianestesia ou peridural, pelo risco de conversão para a anestesia geral durante o procedimento, também se faz necessário o mesmo período de jejum. Para os pacientes obesos, gestantes ou com grandes tumores abdominais, esse período pode ser estendido para 12 horas à definir caso a caso.

Quanto as medicações de uso habitual, somente algumas devem ser suspensas (ver tabela 3), os restantes devem ser mantidos até o dia da operação conforme orientação do seu cirurgião.

Tabela 3 – Medicamentos que devem ser suspensos
Medicamento Tempo de Suspensão
Anticoagulantes orais (Marevan, Warfarina) Deve ser substituído por heparina ou similar 5 dias antes da cirurgia
Anti-agregantes plaquetários (AAS, Clopidogrel) 7 dias antes antes da cirurgia
Antidepressivos 3 dias antes da cirurgia
Hipoglicemiantes orais (Glibenclamida) 1 dia antes da cirurgia

O ideal é que álcool e tabagismo seja evitado nas 8 semanas que antecedem o procedimento cirúrgico.

A higiene no dia da cirurgia deve ser realizada através do banho com soluções antissépticas. A tricotomia (retirada dos pelos) deve ser através da aparação dos pelos apenas na área da incisão, no mesmo dia da cirurgia, ou idealmente, na sala cirúrgica.

O preparo do colón pode ser realizado apenas naqueles pacientes que terão sua intervenção no próprio colón ou tumores abdominais, que possam exigir sua manipulação. Os pacientes constipados (principalmente idosos) podem ter seu colón esvaziado a fim de se evitar o fecaloma (impactação fecal) no pós-operatório.

O cateterismo (sondagem) vesical deve ser realizado nos procedimentos sobre o sistema urológicos, cirurgias de grande porte, com grande potencial de sangramento, longas, ou quando há a necessidade de se controlar a diurese (controle da perfusão tecidual) e é realizado somente quando o paciente já esta anestesiado na própria sala cirúrgica, podendo ou não ser deixada no pós-operatório por mais alguns dias, dependendo do caso.

Frequentemente pode ser oferecido um leve sedativo, por via oral, 30 minutos antes da cirurgia, afim de diminuir o grau de ansiedade por parte do paciente.

Com objetivo de evitar transtornos na data da cirurgia chegue pontualmente no horário proposto ao hospital, traga um acompanhante maior de idade e não esqueça de levar todos os exames realizados no período pré-operatório assim como a meia elástica e cinta abdominal quando solicitado por seu médico (Figuras 1 e 2).

Figura 1 – Meia elástica de média compressão

Figura 1 – Meia elástica de média compressão

Figura 2 – Cinta abdominal pós-cirúrgica

Figura 2 – Cinta abdominal pós-cirúrgica

Fonte: Grupo Surgical

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