Diverticulite Aguda - Grupo Surgical

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Diverticulite Aguda

Introdução

A doença diverticular é uma patologia benigna dos cólons que acomete com grande frequência nossa população. Porém, existe uma comum confusão entre os termos diverticulose e diverticulite. O primeiro é a presença da patologia em si e, diverticulite, a inflamação do divertículo.

Ilustração - Diverticulite

Ilustração - Diverticulite

Neste último caso, nós utilizamos a Classificação de Hinchey para determinar as possíveis complicações:

Classificação de Hinchey Estudo Complementar (imagem ou cirurgia)
  0 Diverticulite clínica leve
Abscesso Pélvico ou flegmão Ia Inflamação pericólica confirmada, flegmão
Ib Abscesso pericólico confirmado
Abscesso pélvico, retroperitoneal II Abscesso pélvico, retroperitoneal
Peritonite purulenta III Peritonite purulenta
Peritonite fecal generalizada IV Peritonite fecal

A incidência entre os homens e mulheres é praticamente a mesma, com cerca de 20% dos casos em pacientes com menos de 45 anos. Estudos mostram uma estreita relação entre o uso de anti-inflamatórios não hormonais com um aumento dos casos de sangramento e perfuração. O tabagismo também está associado ao risco de complicações da doença diverticular. Estima-se que 20% dos pacientes desenvolveram diverticulite e destes, 15-20% apresentaram quadros com alguma complicação.

 

Etiologia

A doença diverticular dos cólons pode estar associada ao cólon espástico (forma hipertônica) ou não (forma hipotônica). Na primeira, geralmente os divertículos estão restritos ao cólon sigmoide e/ou descendente. Está é a forma mais comum e responsável por 70% dos casos. Os fatores implicados em sua gênese são: dietéticos, emocionais, nervosos (aumento do estímulo mioentérico).

 

Achados clínicos

História Clínica:

Os sintomas mais frequentes são dores abdominais, geralmente localizadas em fossa ilíaca esquerda – quadrante inferior esquerdo. Esta dor pode irradiar para as costas, o flanco esquerdo e região inguinal ou todo o abdome. A dor e gravidade dos sintomas está relacionada com a instalação de um processo inflamatório localizado ou generalizado.

A febre é um outro sintoma bastante comum e geralmente está relacionado com a presença de abscessos. Costuma aparecer uma mudança do hábito intestinal cursando com constipação ou diarreia. Sintomas urinários como disúria (ardor para urinar) podem estar presentes também.

 

Exame Físico:

O exame físico depende, na realidade, da gravidade da diverticulite. Como existem quadro estágios da evolução, a dor localizada exclusivamente em fossa ilíaca esquerda caracteriza quadros inicias sem complicações. Porém, o desenvolvimento de dor abdominal difusa, geralmente traduz quadros clínicos com peritonite generalizada. Não é infrequente, o médico palpar uma massa abdominal pelo espessamento do cólon e bloqueio inflamatório local.

 

Exames subsidiários

Para complementarmos a investigação clínica de diverticulite aguda, devemos lançar mão dos seguintes exames complementares:

  1. Hemograma completo
  2. Urina Tipo I
  3. Rx simples de abdome (descartar a presença de pneumoperitôneo – perfuração de alguma víscera oca intra-abdominal)

Não está indicada a realização de colonoscopia ou enema opaco na fase aguda pelo risco de transformar um processo bloqueado em uma perfuração com peritornite generalizada.

A Ultrassonografia de abdome é um excelente método diagnóstico, com uma acurácia de 88-98%. Porém, o padrão ouro para classificação da diverticulite é a Tomografia de Abdome Total com contraste endovenoso. Este exame nos permite avaliar os principais achados:

  1. Diverticulite não complicada: espessamento da parede colônica e inflamação da gordura pericólica;
  2. Fístula: presença de contraste em outras regiões ou órgãos abdominais;
  3. Abscessos: presença de massa com sinais inflamatórios ao redor, que possa conter gás;
  4. Peritonite: íleo paralítico, alterações inflamatórias difusas, líquido livre na cavidade e extravasamento de contraste;
  5. Obstrução intestinal com espessamento da parede colônica.
 

Tratamento

A indicação de tratamento cirúrgico deve sempre ser diferenciada entre aqueles pacientes com quadros agudos com complicações generalizadas e que serão submetidos à cirurgia de urgência, ou aqueles pacientes que terão sua intervenção programada de forma eletiva. Nas demais situações e, respeitando sempre a condição individual de cada paciente, o tratamento clinico com internação hospitalar e antibioticoterapia é suficiente para uma ótima resposta e melhora clínica. O Grupo Surgical por ser especializado em Urgências e Emergências opta por promover em casos de diverticulite complicada Hinchey Ib ou II a drenagem por videolaparoscopia. Esta abordagem minimamente invasiva permite ao paciente recuperação mais breve, maior conforto pós operatório e retorno precoce às suas atividades laborais.

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Complicações

A diverticulite pode complicar das seguintes formas:

  • Sangramento: é comum e geralmente o paciente não tem dor e o sangramento passa sozinho. No entanto, se o sangramento não parar, pode ser necessário receber uma transfusão de sangue;
  • Problemas urinários como dor ao urinar, infecções urinárias ou urinar com mais frequência;
  • Abcesso: uma das complicações mais comuns é a formação de um abcesso fora do cólon. Um abscesso é uma cavidade cheia de pus. Nestes casos, pode ser necessário drenar o abscesso utilizando uma agulha ligada a um pequeno tubo que é introduzido através da pele do abdômen, sob anestesia local;
  • Fístulas: podem-se formar conexões anormais entre o intestino grosso e outros órgãos, chamadas fístulas. Quando não tratadas, as fístulas podem permitir que ocorra infecção;
  • Peritonite: em alguns casos, o divertículo infectado pode se romper, alastrando a infecção para a cavidade interna do abdômen. Nestes casos, o tratamento deve ser logo iniciado com antibióticos para evitar que a infecção se alastre para o corpo todo;
  • Obstrução intestinal: quando a diverticulite não é tratada, pode ocorrer uma obstrução intestinal.

Os pacientes com sinais de complicações da diverticulite como dor abdominal forte, febre ou sangramento devem ir imediatamente para o hospital para receberem o tratamento o mais rapidamente possível, que pode ser feito com remédios como antibióticos ou cirurgia.

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